PESSOAS FAMOSAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

 JORGE LUÍS BORGES

         O escritor argentino falou sobre a cegueira em uma conferência em 1977 (publicada no livro Siete Noches):

          Em 1955, tive a honra de ser nomeado diretor da Biblioteca Nacional Argentina. Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de biblioteca.[...] Lá estava eu, no meio de  900.000 livros em vários idiomas. No entanto, quase não conseguia ler-lhes os títulos, as lombadas. [...] Poder-se-ia dizer que, praticamente, para meus olhos cegos, aqueles livros estavam em branco, vazios. 

               [...] Se concordarmos que entre as benesses que nos são enviadas pelos céus está a escuridão, quem poderá viver melhor consigo próprio, quem será capaz de se conhecer melhor, como disse Sócrates, do que um cego?

            Gostaria de evocar aqui outros casos ilustres. Não sabemos se Homero existiu mesmo; talvez não houvesse um só Homero, mas muitos gregos escondidos sob esse nome. Eles, porém, gostavam de imaginar que o poeta era cego, para realçar o fato de que a poesia é antes de tudo música, e a faculdade visual pode ou não estar presente num poeta.

              A cegueira de John Milton foi voluntária. Ele estragou sua visão escrevendo panfletos em defesa da execução do rei pelo parlamento. Costumava dizer que havia perdido a vista em defesa da liberdade. Ele falava dessa nobre tarefa e não se queixava por ser cego. Compunha versos e a sua memória melhorou [...].

                     Vamos lembrar outro exemplo, o de James Joyce. A quase infinita língua inglesa, que tantas possibilidades oferece ao escritor, não lhe era suficiente. [...] E declarou corajosamente: "De todas as coisas que me aconteceram, a menos importante foi a cegueira." Parte da vasta obra que deixou foi escrita na escuridão, trabalhando as frases de memória, às vezes passando um dia inteiro preocupado com uma única frase.

                    [...] Pense no crepúsculo. Ao cair da noite, as coisas mais próximas desaparecem, exatamente como o mundo visível se afastou de mim, talvez para sempre. A cegueira não é uma desgraça total. É mais um instrumento que o destino ou  a sorte colocou em nosso caminho.

 

      Fonte: http://www.roteirosonline.com.br/borges.htm 

 HELEN KELLER (27 de junho de 1880 — 1 de junho de 1968 ) -  Escritora cega e surda.

         Os vídeos abaixo apresentam o início de sua vida e o contato com a professora Johanna "Anne" Mansfield Sullivan Macy (14 de abril de  1866 – 20 de outubro de 1936)

Primeira Parte

Segunda Parte

Terceira Parte

Fotos: http://www.youtube.com/user/IamHelenKeller 

 DORINA DE GOUVÊA NOWILL (28 de maio de 1919 - 29 de agosto de 2010)  - Ficou cega aos 17 anos. Líder na defesa dos direitos dos deficientes visuais.  Criou a Fundação Dorina Nowill para deficientes visuais.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/1,,EMI108920-17445,00.html

Fundação: http://www.fundacaodorina.org.br/

 ANDREA BOCELLI (22 de setembro de 1958)  - Cantor, produtor, músico e compositor. Ficou cego aos doze anos em um acidente ao praticar esportes.

 RAY CHARLES ROBINSON - (23 de setembro de 1930 - 10 de junho de 2004) - Cantor, compositor e músico. Ficou cego aos sete anos de idade. A causa da cegueira nunca ficou clara. 

  MARIA THERESE VON PARADIS (15 de maio de 1759 - 1 de fevereiro de 1824) - Cantora, pianista e compositora. Ficou cega antes dos cinco anos de idade. 

 NICHOLAS SAUNDERSON (1682 - 1739) - Gênio matemático inglês. Por causa da varíola, ficou cego no primeiro ano de vida.